A MULHER QUE CANTA:

REFLEXÕES SOBRE A LÍNGUA MATERNA A PARTIR DA OBRA INCÊNDIOS

  • Luan Alex de Mattos UFFS

Resumo

“Incêndios” é um filme canadense de 2011 produzido pelo diretor Denis Villeneuve. Após a morte da mãe, os gêmeos Jeanne e Simon são colocados por ela – pelo seu discurso, pela sua língua que ainda ecoa – em determinadas posições. Lhe são demandadas determinadas posições em relação ao Outro. Tomamos essa obra como ponto de partida para desenvolvermos algumas reflexões sobre a língua materna – noção/conceito relativamente instável e polissêmico. Escrevendo a partir de uma interlocução entre Análise de Discurso Francesa e Psicanálise, buscamos responder a seguinte provocação: Como a língua materna atravessa os sujeitos e colabora na construção de subjetividades? Mais do que um problema de pesquisa essa é uma inquietação que se apresenta a nós. Para responder essa questão, temos como objetivo geral discutir o conceito – ou noção – de língua materna a partir de Incêndios. Como objetivo específico, buscamos analisar uma possível aproximação entre língua materna e discurso – dentro dessa obra fílmica. Com base na literatura consultada para o desenvolvimento desse texto, pudemos considerar ao final de sua redação, que a língua materna afeta o sujeito de uma forma extremamente potente, de uma forma que outras línguas não necessariamente o façam, uma vez que essa língua dita materna, pela proximidade com a mãe traz marcas dessa relação singular que nunca deixam de afetar o sujeito. Palavras-chave: Língua materna; Cinema; Discurso; Psicanálise.

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Publicado
2022-06-21
Como Citar
de Mattos, L. A. (2022). A MULHER QUE CANTA: . Revista DisSoL - Discurso, Sociedade E Linguagem, (14). https://doi.org/10.35501/dissol.vi14.897