Um NOVO OLHAR SOBRE O ENSINO DE PLAC:

a perspectiva de um currículo decolonial

  • Simone Viapiana Universidade de Caxias do Sul, Caxias do Sul, Rio Grande do Sul, Brasil
  • Geraldo Antônio da Rosa
  • Manuela Damiani Poletti
Palavras-chave: Colonialidade do Saber; Migrantes e refugiados; Ensino de Português como Língua de Acolhimento (PLAc).

Resumo

Resumo: O presente artigo objetiva refletir sobre o ensino de Português como Língua de Acolhimento a partir de pressupostos da decolonialidade e de que modo tal atitude pode ressignificar o ensino dessa língua em um momento de tantos movimentos migratórios. Entende-se que a língua é uma forma de poder e de inserção real na sociedade. O domínio de uma língua pode fazer com que o sujeito atue criticamente na comunidade na qual está imerso e se move. Quando se trata de uma língua adicional, ensinada como língua de acolhimento a imigrantes e refugiados, tal fato ganha uma força ainda maior. O domínio dessa língua poderá garantir não apenas uma nova forma do sujeito atuar na sociedade, mas sim a possibilidade dele habitar, criar raízes em um novo lugar, atuando como um cidadão na essência que este termo evoca. Desse modo, urge repensar a Língua Portuguesa como Língua de Acolhimento dentro de uma perspectiva que, de fato, acolha a pluralidade, movendo-se para longe de um ensino que conceba as estruturas sociais e culturais como hegemônicas e de padrão eurocêntrico, a fim de romper com o que ainda possa existir de uma colonialidade do saber, do ser e do poder, conceitos esses propostos pelo Grupo Modernidade/Colonialidade (M/C), no fim da década de 1990. O estudo destaca que a decoloniadade mostra-se como um ponto de partida promissor para uma forma de pensar mais crítica no plano do ensino, o que, em grande escala, pode implicar, satisfatoriamente, em processos mais concretos de aprendizagem.

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Publicado
2024-12-24
Como Citar
Viapiana, S., Antônio da Rosa, G., & Damiani Poletti, M. (2024). Um NOVO OLHAR SOBRE O ENSINO DE PLAC:. Revista DisSoL - Discurso, Sociedade E Linguagem, 22(22). https://doi.org/10.35501/dissol.v22i22.1255