PENSAMENTO DECOLONIAL NO COACHELLA 2018:

o discurso na performance de Beyoncé

Palavras-chave: decolonialidade, cultura pop, música, Beyoncé, Beychella

Resumo

Este artigo analisa o discurso da cantora Beyoncé em sua apresentação no festival Coachella, em 2018, transformada em documentário da Netflix, em busca de traços do pensamento decolonial. A partir das Grandes Navegações, a Modernidade desenvolveu-se, tendo como elemento constitutivo a colonialidade, consistente nas relações de exploração e dominação entre Europa e povos colonizados. A colonialidade levou à aniquilação e ao silenciamento de diversas culturas, em razão da imposição dos padrões eurocêntricos. Em oposição ao binômio Modernidade-colonialidade, surge a decolonialidade, um movimento de resistência às formas de exploração perpetradas pelos colonizadores. Diante desse cenário, o artigo apresenta, inicialmente, as características da colonialidade, à luz de Enrique Dussel e Aníbal Quijano, e o surgimento do pensamento decolonial, com base em Luciana Ballestrin e Catherine Walsh. Nesse contexto, associa o pensamento decolonial à interculturalidade, diferenciando-a do multiculturalismo. Em seguida, esta pesquisa analisa os elementos da performance de Beyoncé – roupas, seleção musical, coreografias e interlúdios –, a fim de identificar traços de decolonialidade em seu discurso. Desse modo, conclui pela existência do pensamento decolonial como fio condutor do show apresentado no festival, bem como pela possibilidade de incorporar discursos decoloniais em performances musicais, como forma de resistência e luta por mudanças.

Biografia do Autor

Arthur Emanuel Leal Abreu, Faculdade de Direito de Vitória - FDVVitória, ES - Brasil
Mestre em Direitos e Garantias Fundamentais, na Faculdade de Direito de Vitória (FDV). Especialista em Linguagem, Tecnologia e Ensino, pela Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais (FALE/UFMG). Possui graduação em Direito e especialização em Compliance, Lei Anticorrupção e Controle da Administração Pública, pela FDV.

Referências

ABREU, Arthur Emanuel Leal; FRANCISCHETTO, Gilsilene Passon Picoretti. Direito fundamental à educação de qualidade: a pedagogia dos multiletramentos e o pensamento decolonial diante das diferenças. Linguagens, Educação e Sociedade, v. 42, p. 232-253, 2019. Disponível em: https://www.ojs.ufpi.br/index.php/lingedusoc/article/view/8842. Acesso em 01 fev. 2020. http://dx.doi.org/10.26694/les.v0i42.8842

ABREU, Arthur Emanuel Leal. O potencial da aprendizagem ubíqua em um projeto de educação intercultural. In: CONFERÊNCIA MUNDIAL DE COMBATE ÀS DESIGUALDADES ECONÔMICAS RACIAIS E ÉTNICAS, 5., 2018, Vitória. Anais […]. Vitória: Neab-Ufes, 2020. p. 554-558. Disponível em: https://www.academia.edu/43790674. Acesso em 01 out. 2020.

ADICHIE, Chimamanda Ngozi. We should all be feminists (áudio). In: BEYONCÉ. Coachella Valley Music and Arts Festival. 2018.

ALMEIDA, Ana Beatriz. Black is King: uma análise decolonial. SP-Arte, 04 ago. 2020. Disponível em: https://www.sp-arte.com/editorial/black-is-king-uma-analise-decolonial. Acesso em: 11 ago. 2021.

APES**T – The Carters, 2018. 1 vídeo (6min05s). Publicado pelo canal Beyoncé. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=kbMqWXnpXcA. Acesso em 01 fev. 2020.

BALLESTRIN, Luciana. América Latina e o giro decolonial. Revista Brasileira de Ciência Política. Brasília, n. 11, p. 89-117, Brasília, maio-ago. 2013. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbcpol/n11/04.pdf. Acesso em 01 fev. 2020.

BEYONCÉ – Formation, 2016a. 1 vídeo (4min47s). Publicado pelo canal Beyoncé. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=WDZJPJV__bQ. Acesso em 01 fev. 2020.

BEYONCÉ & Bruno Mars crash the Pepsi Super Bowl 50 Halftime Show, 2016b. 1 vídeo (4min37s). Publicado pelo canal NFL. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=SDPITj1wlkg. Acesso em 01 fev. 2020.

BEYONCÉ. [Abertura do show no Coachella]. 15 abr. 2018a. Instagram: @beyonce. Disponível em: https://www.instagram.com/p/BhlKttTlX-g. Acesso em 01 fev. 2020.

BEYONCÉ. [Compilação do show no Coachella]. 15 abr. 2018b. Instagram: @beyonce. Disponível em: https://www.instagram.com/p/BhmQe-BlkYe. Acesso em 01 fev. 2020.

BEYONCÉ. Homecoming Scholars Award Program update. 23 abr. 2018c. Disponível em: https://beyonce.com/article/homecoming-scholars-award-2018-2019-update. Acesso em 01 fev. 2020.

BIÈVRE-PERRIN, Fabien. Ancient Egypt summoned to Coachella by Beyoncé: why Tutankhamun and Nefertiti? Antiquipop, 16 Apr. 2018. Disponível em: https://antiquipop.hypotheses.org/antiquipop-english/3693eng. Acesso em 01 fev. 2020.

CRENSHAW, Kimberle. demarginalizing the intersection of race and sex: a black feminist critique of antidiscrimination doctrine, feminist theory and antiracist politics. University of Chicago Legal Forum, 1989. Disponível em: http://chicagounbound.uchicago.edu/uclf/vol1989/iss1/8. Acesso em 01 fev. 2020.

DUSSEL, Enrique. Europa, modernidade e eurocentrismo. In: LANDER, Edgardo (Org.). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latinoamericanas. Buenos Aires: CLACSO, 2005. p. 25-34. Disponível em: http://bibliotecavirtual.clacso.org.ar/clacso/sur-sur/20100624093038/5_Dussel.pdf. Acesso em 01 fev. 2020.

DUSSEL, Enrique. Ética da libertação na idade da globalização e da exclusão. 4. ed. Petrópolis: Vozes, 2012.

DUSSEL, Enrique. Transmodernidade e interculturalidade: interpretação a partir da filosofia da libertação. Soc. estado, Brasília, v. 31, n. 1, p. 51-73, abr. 2016. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-69922016000100051&lng=en&nrm=iso. Acesso em 01 fev. 2020.

ENTREVISTA com a ativista e pesquisadora Catherine Walsh, 2018a. 1 vídeo (1min32s). Publicado pelo canal IV Colóquio Decolonialidade Bahia. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=k66AztrWDAw. Acesso em 01 fev. 2020.

ENTREVISTA com a participante Andreia Oliveira, 2018b. 1 vídeo (1min36s). Publicado pelo canal IV Colóquio Decolonialidade Bahia. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=42HpMSqeJ50. Acesso em 01 fev. 2020.

***FLAWLESS (feat. Chimamanda Ngozi Adichie). Intérprete: Beyoncé. In: BEYONCÉ. Intérprete: Beyoncé. [S.l.]: Parkwood Entertainment, 2013. 1 CD, faixa 11.

FORMATION. Intérprete: Beyoncé. In: LEMONADE. Intérprete: Beyoncé. [S.l.]: Parkwood Entertainment, 2016. 1 CD, faixa 12.

FRANCE, Lisa Respers. Why the Beyoncé controversy is bigger than you think. CNN, 24 Feb. 2016. Disponível em: https://edition.cnn.com/2016/02/23/entertainment/beyonce-controversy-feat/index.html. Acesso em 01 fev. 2020.

FREEDOM (feat. Kendrick Lamar). Intérprete: Beyoncé. In: LEMONADE. Intérprete: Beyoncé. [S.l.]: Parkwood Entertainment, 2016. 1 CD, faixa 10.

FREIRE, Paulo. Cartas à Guiné Bissau: registros de uma experiência em processo. 4. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978.

GROSFOGUEL, Ramón. Para descolonizar os estudos de economia política e os estudos pós-coloniais: transmodernidade, pensamento de fronteira e colonialidade global. Revista Crítica de Ciências Sociais, n. 80, p. 115-147, mar. 2008. Disponível em: https://journals.openedition.org/rccs/pdf/697. Acesso em 01 fev. 2020.

HOMECOMING: a film by Beyoncé. Direção: Beyoncé Knowles-Carter e Ed Burke. Elenco: Beyoncé Knowles-Carter. Estados Unidos: Parkwood Entertainment, 2019. 137 min. Disponível em: https://www.netflix.com/br/title/81013626. Acesso em 01 fev. 2020.

KROHLING, Aloísio. A busca da transdisciplinaridade nas ciências humanas. Revista de Direitos e Garantias Fundamentais. Vitória, n. 2, p. 193-212, 2009. Disponível em: http://sisbib.emnuvens.com.br/direitosegarantias/article/viewFile/47/44. Acesso em 01 fev. 2020. http://dx.doi.org/10.18759/rdgf.v0i2.47.

KROHLING, Aloísio. Multiculturalismo, interculturalidade e direitos humanos. In: KROHLING, Aloísio. Direitos humanos fundamentais: diálogo intercultural e democracia. São Paulo: Paulus, 2009. p. 97-127.

KROHLING, Aloísio. A ética da alteridade e da responsabilidade. Curitiba: Juruá, 2011.

LAWSON, Tina. [Receio sobre a cultura negra no Coachella]. 16 abr. 2018. Disponível em: https://www.instagram.com/p/Bho-WDiBzpV. Acesso em 01 fev. 2020.

MALCOLM X. Who taught you to hate yourself? (áudio). In: BEYONCÉ. Coachella Valley Music and Arts Festival. 2018.

MIGNOLO, Walter. La opción de-colonial: desprendimiento y apertura. Tabula Rasa. Bogotá, n. 8, p. 243-281, ene.-jun. 2008.

MUSONI, Malcolm-Aime. An Oral History of Beyoncé's All-Female Band, Suga Mama. Elle, Apr. 13, 2017. Disponível em: https://www.elle.com/culture/music/a44485/oral-history-beyonce-all-female-band-suga-mama. Acesso em 01 fev. 2020.

QUIJANO, Aníbal. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. In: LANDER, Edgardo (Org.). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latino-americanas. Buenos Aires: CLACSO, 2005. p. 117-142. Disponível em: http://biblioteca.clacso.edu.ar/clacso/sur-sur/20100624103322/12_Quijano.pdf. Acesso em 01 fev. 2020.

QUIJANO, Aníbal. Colonialidade do poder e classificação social. In: SANTOS, Boaventura de Sousa; MENESES, Maria Paula (Orgs.). Epistemologias do sul. Coimbra: Almedina, 2009, p. 73-117.

ROLLING STONE. Beyoncé e Jay-Z desafiam a arte ocidental em clipe de "Apeshit". 18 jun. 2018. Disponível em: http://rollingstone.uol.com.br/noticia/beyonce-e-jay-z-desafiam-arte-ocidental-em-clipe-de-apeshit. Acesso em 01 fev. 2020.

RUIZ, Michelle. Beyoncé’s Lemonade Has Now Inspired an Awesome College Class. Vogue, 29 Sep. 2016. Disponível em: https://www.vogue.com/article/beyonce-lemonade-texas-college-course. Acesso em: 01 fev. 2020.

SANTAELLA, Lucia. Comunicação ubíqua: repercussões na cultura e na educação. São Paulo: Paulus, 2013.

SANTOS, Boaventura de Sousa. Poderá o direito ser emancipatório?. Vitória: FDV; Florianópolis: Fundação Boiteux, 2007.

SCHMIDT, Samantha. ‘Lift Every Voice and Sing’: The story behind the ‘black national anthem’ that Beyoncé sang. The Washington Post, 16 Apr. 2018. Disponível em: https://www.washingtonpost.com/news/morning-mix/wp/2018/04/16/lift-every-voice-and-sing-the-story-behind-the-black-national-anthem-that-beyonce-sang/?noredirect=on&utm_term=.4e04260a9df7. Acesso em 01 fev. 2020.

SHOW de Beyoncé no Coachella bate recordes no Twitter e no YouTube. Estadão, São Paulo, 18 abr. 2018. Disponível em: https://emais.estadao.com.br/noticias/gente,show-de-beyonce-no-coachella-bate-recordes-no-twitter-e-no-youtube,70002273883. Acesso em 01 fev. 2020.

SORRY. Intérprete: Beyoncé. In: LEMONADE. Intérprete: Beyoncé. [S.l.]: Parkwood Entertainment, 2016. 1 CD, faixa 4.

WALSH, Catherine. Interculturalidad y (de)colonialidad: perspectivas críticas y políticas. Visão Global. Joaçaba, v. 15, n. 1-2, p. 61-74, jan./dez. 2012. Disponível em: https://editora.unoesc.edu.br/index.php/visaoglobal/article/view/3412/1511. Acesso em 01 fev. 2020.
Publicado
2022-12-06
Como Citar
Abreu, A. E. L. (2022). PENSAMENTO DECOLONIAL NO COACHELLA 2018:. Revista DisSoL - Discurso, Sociedade E Linguagem, (15). https://doi.org/10.35501/dissol.vi15.991