O MOVIMENTO IDENTITÁRIO DOS INDÍGENAS: CYBERBULLYING E DISCURSO

  • Vania Maria Lescano Guerra Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
  • Fabiana Ferrari Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Resumo

Este trabalho tem por objetivo identificar e problematizar, por meio da Análise do Discurso de origem francesa (CORACINI, 2007; PÊCHEUX, 1988) e de uma perspectiva discursivo-de construtivista e transdisciplinar, representações de/sobre sujeitos indígenas incluídos no mercado de trabalho produzidas na rede social Face book. Partimos do pressuposto de que os discursos postados por indígenas e brancos acerca do indígena no mercado de trabalho estão a inscrever-se em um novo acontecimento discursivo: o cyberbullying. O corpus desta pesquisa reúne regularidades contidas em um recorte de publicações coletadas on-line (posts ou comentários), que estão/foram divulgadas na mídia Facebook, em 8 de novembro de 2012. O processo analítico se dá pelo método arqueogenealógico (FOUCAULT,1990; 2007), entendendo que, a partir da materialidade, é possível compreender os efeitos de sentido dos discursos, as regularidades enunciativas, as formações discursivas e os interdiscursos que ecoam na memória discursiva dos dizeres inscritos nesse ambiente virtual. Resumén: Este trabajo tiene por objetivo identificar y problematizar, por medio del Análisis del Discurso de origen francés (CORACINI, 2007; PÊCHEUX, 1988) y de una perspectiva discursiva-deconstructiva y transdisciplinaria, representaciones sobre sujetos indígenas producidos en los periodísticos medios. Para ello, se parte del supuesto de que los discursos postulados por blancos acerca del indio se inscriben en un nuevo acontecimiento discursivo: el cyberbullying. El corpus de esta investigación reúne regularidades contenidas en recortes de publicaciones recogidas on-line (posts o comentarios), que están / fueron divulgadas en los periodísticos medios, del período de marzo de 8 de noviembro de 2012. Los análisis se dan por el método arqueogenalógico propuesto por Foucault (1990; 2007), a partir de la materialidad discursiva, y es posible comprender los efectos de sentido de los discursos, las regularidades enunciativas, las formaciones discursivas y los interdiscursos que resuenan en la memoria discursiva de los textos inscritos en el ambiente virtual.

Biografias Autor

Vania Maria Lescano Guerra, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
Vânia Maria Lescano Guerra tem doutorado em Linguística e Língua Portuguesa pela Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho", UNESP de Araraquara, e Pós-doutorado em Linguística Aplicada pelo IEL, UNICAMP. Atualmente é docente permanente do Programa de Pós-graduação em Letras (mestrado e doutorado) da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, campus de Três Lagoas, e do Programa de Mestrado em Estudos de Linguagens da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, campus de Campo Grande. Coordena o Diretório de grupos de pesquisa no CNPq: "O processo identitário do indígena de Mato Grosso do Sul: análise documental e midiática da luta pela terra" (UFMS). É membro do GT "Práticas Identitárias em Linguística Aplicada" da ANPOLL, da ALED (Sociedade Latino-americana de Estudos de Discurso) e da diretoria do GELCO (Grupo de Estudos de Linguagem do Centro-oeste), orientando e desenvolvendo pesquisas, com experiência na área de Linguística Aplicada e Análise do Discurso francesa, atuando nas temáticas ligadas à mídia, exclusão, identidades, gênero e povos indígenas. Lidera o Grupo de Estudos “Celebração dos sujeitos periféricos discurso e transdisciplinaridade” (UFMS) e integra o Grupo Interinstitucional de Estudos “Homens (in)fames: exclusão e resistência” (UNICAMP/UFMS) e o Grupo “Representações e tecnologias (de si): tramas discursivas no/do virtual”, (UNICAMP/UFMS).
Fabiana Ferrari, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
Graduação em psicologia na Faculdades Adamantinenses Integradas- FAI. Tem experiência na área de Psicologia, (clínica, instituições organizacionais, escolares, sociais). Mestre pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) em Letras (linguística), área de concentração: Estudos Linguísticos. Atua, especialmente, nos seguintes temas: língua(gens); Análise do Discurso; subjetividade(s); discurso; educação; exclusão e inclusão; cidadania.

Referências

Referências

AUTHIER-RÉVUZ, Jacqueline. Palavras incertas: as não coincidências do dizer. Trad. Cláudia R. C. Pfeiffer ET. AL. Campinas: Editora da UNICAMP, 1998.

BARBAI, Marcos A. Palavra que pode ferir: O termo Bullying em dicionários de língua inglesa e na imprensa do Brasil. Revista Signo y Sena, número 27, junio de 2015, p. 89-106. Facultad de Filosofia y Letras (UBA). Disponível em:http://revistas.flo.uba.ar/index.php/sys/index Acesso em 02fev. 2017 às 23:00hs.

CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. Trad. Klaus Brandini Gerhardt. São Paulo: Paz e Terra, 2003.

CHARAUDEAU, Patrick. MAINGUENEAU, Dominique. Dicionário de análise do discurso. Trad. Fabiana Komesu et al. São Paulo: Contexto, 2004.

CORACINI, Maria J. Identidade & discurso: (des)construindo subjetividades.Campinas: Editora da UNICAMP; Chapecó: Argos e Editora Universitária, 2003, p. 267-268.

_______. A celebração do outro: arquivo, memória e identidade: línguas (materna e estrangeira), plurilinguismo e tradução. Campinas: Mercado de Letras, 2007.

______. Aspectos metodológicos e Análise do Discurso: migrantes em situação de rua, entre a Hos (ti) pitalidade e a anulação de si. In: TFOUNI, Leda V.; MONTE-SERRAT, Dioneia M.; CHIARETTI, Paula (Orgs). A Análise do Discurso e suas interfaces. São Carlos: Pedro & João, 2011, p. 165-175.

DEL PRIORE, Mary. Uma breve história do Brasil. São Paulo: Planeta do Brasil, 2010.

DERRIDA, Jacques. Da hospitalidade. Trad. de Antonio Romane. São Paulo: Escuta, 2003.

DRUCKER, Peter. Administração lucrativa. Trad. Adolpho José da Silva. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1968.

AUTOR, Fabiana. O indígena no mercado de trabalho: o cyberbullying e a (re)produção das identidades. Três Lagoas, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, 2017, 117 f. (Dissertação de Mestrado).

FOUCAULT, Michel. História da sexualidade I: a vontade de saber. Trad. Maria T. da C. Albuquerque e J. A. Guilhon Albuquerque. Rio de Janeiro: Graal, 1990.

________. A microfísica do poder. Trad. Maria T. Albuquerque, Rio de Janeiro: Graal. 1998 [1979].

________. Método. In: FOUCAULT, Michel. A arqueologia do saber. Trad. Luiz Felipe Baeta Neves. 7. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, [Trabalho original publicado em 1969], 2007.

________. A ordem do discurso. 24. ed. Trad. Laura F. Sampaio. São Paulo: Loyola, 2014.

_______. FREUD, Sigmund. O ego e o id. Obras Completas. Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud. Trad. Jorge Salomão, v. 19. Rio de Janeiro: Imago. (Trabalho original publicado em 1929), 1976 b, p.170.

AUTOR. O indígena de Mato Grosso do Sul: práticas identitárias e culturais. São Carlos: Pedro & João, 2010. 140p.

________. Indígenas e identidades: um olhar discursivo sobre a luta pela terra. In: ROSA, Andrea, M; MARQUES, Cintia N.; SOUZA, Claudete C. de; DURIGAN, Marlene (Org.). Povos indígenas: reflexões interdisciplinares. São Carlos: Pedro & João, 2012. p.43-68.

________. Povos indígenas: Identidade e Exclusão Social. Campo Grande: Editora UFMS, 2015.

LACAN, Jacques. (1972-1973). O Seminário, livro 20: Mais, ainda. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008.

LEVY, Pierre. O que é o virtual. Tradução de Paulo Neves. São Paulo: 34, 2001.

MALDONADO, Maria T. Bullying e Cyberbullying – O que fazemos com o que fazem conosco? São Paulo: Moderna 2011.

MIGNOLO, Walter. Histórias locais/ Projetos Globais: Colonialidade, Saberes Subalternos e Pensamento Liminar. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2003. 505 p.

ORLANDI, Eni P. Análise de discurso: princípios e procedimentos. 8. ed. Campinas: Pontes, 1999.

________. As formas do silêncio: no movimento dos sentidos. 6. ed. Campinas: Editora Unicamp, 2007.

PÊCHEUX, Michel. Semântica e Discurso: uma crítica à afirmação do óbvio. Trad. Eni P. Orlandi. Campinas: Editora Unicamp, 1988.

QUIJANO, Anibal. Colonialidade do poder, Eurocentrismo e América

Latina. In: _______. A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latino-americanas. Buenos Aires Lugar CLACSO, Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales Editorial, 2005.

SILVA, Denise. Povos Indígenas: mitos, educação escolar e realidade histórico-cultural. Campo Grande, Editora UFMS, 2010. p. 117-130.

SMITY, Peter, et al. Bullying in differente contexts: Commonalities, differences and the role of theory. Agression and Violent Behavior, 2009, 14, p.146-156.

SPIVAK, Gayatri C. Pode o subalterno falar? Trad. Sandra Almeida, Marcos Feitosa, André Feitosa. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2010.

SITES CONSULTADOS:

http://governo-sp.jusbrasil.com.br/legislacao/135301/lei-contra-o-assedio-moral-lei-12250-06 Acesso em: 09 out. 2016 às 21h.

http://neppot.ufsc.br/?page_id=21. UFSC, Núcleo de Estudos de Processos Psicossociais e de Saúde nas Organizações e no Trabalho. Acesso em: 02 fev. 2017 às 23h.

http://www.oitbrasil.org.br/content/hist%C3%B3ria Acesso em: 14 abr. 2017 às 21h.

http://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/529732/lei_de_diretrizes_e_bases_1ed.pdf Acesso em: 12 fev. 2017 às 20h

http://www.justica.sp.gov.br/StaticFiles/SJDC/ArquivosComuns/ProgramasProjetos/NETP/Relat%C3%B3rio.%20OIT%20no%20Brasil.pdf Acesso em: 12 fev. 2017 às 14h

https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/518231/CF88_Livro_EC91_2016.pdf?sequence=1?concurso=CFS%202%202018 Acesso em: 02 fev às 19h.

Publicado
2018-06-30
Como Citar
Guerra, V. M. L., & Ferrari, F. (2018). O MOVIMENTO IDENTITÁRIO DOS INDÍGENAS: CYBERBULLYING E DISCURSO. Revista DisSoL - Discurso, Sociedade E Linguagem, (7). https://doi.org/10.35501/dissol.v0i7.313