O ESTRANHO PÓS-MODERNO E A LUTA DE CLASSES NO FILME "QUE HORAS ELA VOLTA?".
Abstract
Sigmund Freud tratou do ideal de pureza na modernidade que, segundo Zygmunt Bauman, continua a ser perseguido na pós-modernidade, dessa vez às custas da segurança individual. O “estranho” é o resto dessa busca e destoa da ordem desejada pela classe dominante, insistindo em se escrever nas formações discursivas, mesmo que seja em um lugar marginal; ele é sempre convidado a dar mais de si em troca daquilo que está à disposição da elite. Freud dizia que há sempre um preço a ser pago na busca pelos ideais de bem-estar, mas o poder de barganha de alguns é maior que o de outros. Esse artigo propõe uma articulação da teoria de Bauman sobre a pós-modernidade, principalmente o conceito de “estranho”, com os referenciais da Análise do Discurso Pêcheutiana. Essa articulação serviu de base para uma análise discursiva de alguns trechos do filme “Que horas ela volta” (2015), da diretora Anna Muylaert, escolhido por evidenciar o lugar do estranho na sociedade capitalista. Abstract:Sigmund Freud dealt with the ideal of purity in modernity which, according to Zygmunt Bauman, continues to be pursued in postmodernity, this time at the expense of individual security. The "stranger" is the rest of this search and dissociates of the order desired by the ruling class, insisting on writing in discursive formations, even if it is in a marginal place; He is always invited to give more of himself in exchange for what is available to the elite. Freud said that there is always a price to be paid in pursuit of the ideals of well-being, but the bargaining power of some is greater than that of others. This article proposes an articulation of Bauman's theory on postmodernity, especially the concept of "strange", with the referents of the Analysis of the Pêcheutian Discourse. This articulation served as the basis for a discursive analysis of some passages from the film "Que horas ela volta" (2015) by director Anna Muylaert, chosen to highlight the place of the stranger in capitalist society.References
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