PICHAR PARA SIGNIFICAR: O SUJEITO E SUAS FORMAS DE RESISÊNCIA
Abstract
O objetivo deste estudo é analisar a imagem de uma pichação que circulou nas redes sociais neste ano. O foco é compreender como se configuram os sentidos dessa materialidade discursiva a partir dos pressupostos teórico-metodológicos da Análise de Discurso de linha francesa, que toma como corpus qualquer materialidade significativa verbal ou não verbal. A Análise de Discurso entende a língua como relativamente autônoma e local onde se materializa a ideologia, formando o discurso. Não há discurso sem sujeito e não há sujeito sem ideologia. O sujeito é interpelado pela ideologia e formado na e pela linguagem. Com estes conceitos, compreendemos que a materialidade discursiva da pichação revela relações contraditórias entre grupos sociais que são constitutivas do discurso e esta materialidade é enunciada a partir de uma posição de resistência do enunciador. Este entendido não como a origem dos sentidos, mas sujeito que retoma sentidos pré-existentes em determinada(s) formação(ões) discursiva(s). Concluímos que língua e sociedade se constituem mutuamente e que o discurso revela diferentes formas de protesto do sujeito. Formas que garantem sua inserção na história e reivindicam reconhecimento e melhoria na sociedade. Por último, a imagem da pichação no ambiente virtual traz a memória do que é produzido no social com novos significados e novos leitores e, sobretudo, desvencilha o aspecto criminoso do ato de pichar.References
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