O QUE SIGNIFICA SER AFRICANO?
UMA ANÁLISE DISCURSIVA DAS FORMAÇÕES IMAGINÁRIAS EM TRECHOS DE AMERICANAH (2013) DE CHIMAMANDA NGOZI ADICHIE
Palavras-chave:
representação do africano, análise do discurso de linha francesa, americanah, formações imaginárias
Resumo
Este trabalho propõe-se analisar quais imagens do negro/africano e do branco/europeu são feitas no jogo de formações imaginárias disposto no discurso de personagens em alguns trechos do livro Americanah (2013) da autora Chimamanda Ngozi Adichie. Sob a luz de pressupostos da Análise do Discurso de linha francesa, procuramos problematizar que posições os sujeitos atribuem a si e ao outro no processo discursivo e explorar no mecanismo de antecipação, passível de observação pela presença do narrador onisciente na trama, que imagens são feitas das referidas posições de sujeito (PECHÊUX, 2014; ORLANDI, 2015). Salientando o retrato feito pelo livro de uma história de imigrantes nigerianos vivendo em países-metrópole, recorremos a contribuição teórica de Hall, Silva e Woodward (2014) para entender a dicotomia “branco/europeu” - “negro/africano” e os significados atribuídos a estes nos sistemas de representação, bem como a considerações de Kilomba (2019) sobre vivências do negro neste contexto sócio-político. Identificamos que as relações de poder que interferem na constituição dos sistemas representação transparecem nas formações imaginárias, mostrando o negro/africano sob significações negativas. Todavia a narrativa revela que este sujeito tem consciência desta representação e usa isto como ferramenta de sobrevivência nessa conjuntura, por meio da assimilação ou rompimento destas imagens (FANON, 2001; JONES, SHORTER-GOODEN, 2004).Referências
ADICHIE, Chimamanda Ngozi. Americanah. 1 ed. São Paulo: Companhia das letras, 2014.
SOUZA, Rafael Francisco Neves; BARZOTTO, Leoné Astride. A. As faces de Ifemelu em Americanah (2013), de Chimamanda Ngozi Adichie. Raído, v. 10, n. 21, p. 54-68, 2016. Disponível em:. Acesso em: 07 jul. 2020.
FANON, Frantz. The Wretched of the Earth. Great Britain: Penguin Classics, 2001.
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 71 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2019.
HALL, Stuart. Que “negro” é esse na cultura negra?. In: HALL, Stuart. Da diáspora: identidades e mediações culturais. Editora UFMG: 2006. p. 335-349.
JONES, Charisse; SHORTER-GOODEN, Kumea. Shifting: The double lives of black women in America. 1. ed. Nova Iorque: Harper Collins Publishers, 2004.
KILOMBA, Grada. Memórias da plantação: Episódios de racismo cotidiano. 1 ed. Rio de Janeiro: Cobogó, 2019.
ORLANDI, Eni Puccinelli. Análise do discurso: Princípios e Procedimentos. 12 ed. Campinas: Pontes Editores, 2015.
PÊCHEUX, Michel. Semântica e discurso: uma crítica a afirmação do óbvio. Campinas: Editora da Unicamp, 2014.
SANTOS, Sonia Sueli Berti. Pêcheux. In: OLIVEIRA, Luciano Amaral. (Org.). Estudos do discurso: perspectivas teóricas. São Paulo: Parábola Editorial, 2013. p. 209-233.
SILVA, Tomaz Tadeu. (org.) HALL, Stuart; WOODWARD, Kathyn. Identidade e diferença: A perspectiva dos estudos culturais. 15. ed. Petrópolis: Editora Vozes, 2014.
YOUNGE, Gary. My year of Reading African women, by Gary Younge. The Guardian. 15 dez. 2018 Disponível em: < https://www.theguardian.com/books/2018/dec/15/novels-african-women-female-authors>. Acesso em: 03 abril 2021.
WENCESLAU, Taluana. 16 livros de escritoras negras africanas publicados no Brasil. Minhas listas culturais. 23 nov. 2017. Disponível em: . Acesso em: 03 abril 2021.
CHIMAMANDA Adichie: o perigo de uma única história. Publicado pelo canal TED, 2009. 1 vídeo (19 min.), son., color. Disponível em:. Acesso em: 03 abril 2021.
TODOS nós deveríamos ser feministas | Chimamanda Ngozi Adichie | TEDEXEuston. Publicado pelo canal TEDx Talks, 2013. 1 vídeo (30 min.), son., color. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=hg3umXU_qWc&ab_channel=TEDxTalks>. Acesso em: 03 abril 2021.
SOUZA, Rafael Francisco Neves; BARZOTTO, Leoné Astride. A. As faces de Ifemelu em Americanah (2013), de Chimamanda Ngozi Adichie. Raído, v. 10, n. 21, p. 54-68, 2016. Disponível em:
FANON, Frantz. The Wretched of the Earth. Great Britain: Penguin Classics, 2001.
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 71 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2019.
HALL, Stuart. Que “negro” é esse na cultura negra?. In: HALL, Stuart. Da diáspora: identidades e mediações culturais. Editora UFMG: 2006. p. 335-349.
JONES, Charisse; SHORTER-GOODEN, Kumea. Shifting: The double lives of black women in America. 1. ed. Nova Iorque: Harper Collins Publishers, 2004.
KILOMBA, Grada. Memórias da plantação: Episódios de racismo cotidiano. 1 ed. Rio de Janeiro: Cobogó, 2019.
ORLANDI, Eni Puccinelli. Análise do discurso: Princípios e Procedimentos. 12 ed. Campinas: Pontes Editores, 2015.
PÊCHEUX, Michel. Semântica e discurso: uma crítica a afirmação do óbvio. Campinas: Editora da Unicamp, 2014.
SANTOS, Sonia Sueli Berti. Pêcheux. In: OLIVEIRA, Luciano Amaral. (Org.). Estudos do discurso: perspectivas teóricas. São Paulo: Parábola Editorial, 2013. p. 209-233.
SILVA, Tomaz Tadeu. (org.) HALL, Stuart; WOODWARD, Kathyn. Identidade e diferença: A perspectiva dos estudos culturais. 15. ed. Petrópolis: Editora Vozes, 2014.
YOUNGE, Gary. My year of Reading African women, by Gary Younge. The Guardian. 15 dez. 2018 Disponível em: < https://www.theguardian.com/books/2018/dec/15/novels-african-women-female-authors>. Acesso em: 03 abril 2021.
WENCESLAU, Taluana. 16 livros de escritoras negras africanas publicados no Brasil. Minhas listas culturais. 23 nov. 2017. Disponível em:
CHIMAMANDA Adichie: o perigo de uma única história. Publicado pelo canal TED, 2009. 1 vídeo (19 min.), son., color. Disponível em:
TODOS nós deveríamos ser feministas | Chimamanda Ngozi Adichie | TEDEXEuston. Publicado pelo canal TEDx Talks, 2013. 1 vídeo (30 min.), son., color. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=hg3umXU_qWc&ab_channel=TEDxTalks>. Acesso em: 03 abril 2021.
Publicado
2022-12-06
Como Citar
Costa, A. M. B., & Oliveira, M. A. (2022). O QUE SIGNIFICA SER AFRICANO? . Revista DisSoL - Discurso, Sociedade E Linguagem, (15). https://doi.org/10.35501/dissol.vi15.956
Seção
Artigos
Autores que publicam na Revista DisSoL mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
Ao submeterem textos para avaliação e possível publicação nesta revista os autores comprometem-se a respeitar os preceitos éticos de produção e publicação de pesquisas científicas.