TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO E MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA: GESTOS DE ANÁLISE EM UM ENTRELAÇAMENTO DISCURSIVO

  • Alessandra Stefanello Universidade Federal de Santa Maria
Palavras-chave: Teologia da Libertação; MST; hino; ideologia; formação discursiva., Theology of Liberation; MST; anthem; ideology; discursive formation.

Resumo

A Teologia da Libertação nasceu na segunda metade do século XX e é compreendida como um movimento de padres e missionários, empenhados em ajudar as minorias sociais dos continentes mais afetados pela fome e pela pobreza. Esse movimento ganha força na América Latina, principalmente, no Brasil, até chegar ao que hoje é conhecido como Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. O MST, assim chamado, é um movimento social, constituído de agricultores rurais sem-terra, que lutam pela reforma agrária e soberania alimentar. Com a mecanização agrícola, a partir da abertura do comércio nos anos 50, o número de sem-terra cresceu, expandindo para grande parte do país e ganhando o olhar de padres favoráveis à Teologia da Libertação. A partir de meados da década de 70, a história se entrelaça e constitui um lugar de fé, de luta e de emancipação; quase 20 anos depois, o Hino do Movimento Sem Terra é criado, marcando um lugar institucional na história da luta pela terra e da reforma agrária. Tomando o corpus de pesquisa, a materialidade discursiva mencionada acima, com o aporte teórico-metodológico da Análise de Discurso de matriz francesa no Brasil, objetivamos compreender como se constitui o atravessamento de uma formação discursiva religiosa na ideologia do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra que ressoa através da história e se materializa no Hino deste movimento.

Referências

ALTHUSSER, Louis. Por Marx. Campinas: Editora da Unicamp, 2005.

ALTHUSSER, Louis. Aparelhos Ideológicos de Estado: nota sobre os aparelhos ideológicos de Estado (AIE). Rio de Janeiro: Graal, 1985.

AGOSTINHO, Santo. A doutrina cristã: manual de exegese e formação cristã. São Paulo: Paulinas, 1991.

BÍBLIA. Sagrada Bíblia Católica: Antigo e Novo Testamentos. Tradução de José Simão. São Paulo: Sociedade Bíblica de Aparecida, 2008.

Boff, Leonardo. Conflitos no campo, suas causas e possíveis saídas. In Canuto, A., et al. (Orgs.). Conflitos no campo: Brasil. Goiânia: CPT Nacional, 2016.

CONTINS, Marcia. Religião, etnicidade e globalização: uma comparação entre grupos religiosos nos contextos brasileiro e norte-americano.Revista de Antropologia.São Paulo, v. 51, n. 1, 2008.

ROCHA, R. J. S; CABRAL, J. P. C. Aspectos históricos da questão agrária no Brasil. Nurba. v. 2. n. 1; p. 75-86, junho, 2016.

FELICIANO, Carlos Alberto. Movimento camponês rebelde: a reforma agrária no Brasil. São Paulo: Contexto, 2006.

FERNANDES, Bernardo Mançano. A reforma agrária que o governo Lula fez e a que pode ser feita. In: SADER, E. 10 anos de governos pós-liberais no Brasil: Lula e Dilma. São Paulo: Boitempo, 2013.

FERNANDES, Bernardo Mançano. Brasil: 500 anos de luta pela terra. Revista de Cultura Vozes,v. 93, n.2 , p. 9-17, 1999.
FERNANDES, Bernardo Mançano. Questão Agrária: conflitualidade e desenvolvimento territorial. In: Antônio Márcio Buainain (Editor). Luta pela Terra, Reforma Agrária e Gestão de Conflitos no Brasil. Campinas: Editora da Unicamp, 2008.
FERNANDES, Bernardo Mançano. Questão agrária: conflitualidade e desenvolvimento territorial. Luta pela Terra, Reforma Agrária e Gestão de Conflitos no Brasil. Antônio Márcio Buainain (Editor). Campinas: Editora da Unicamp, 2008.

GÖRGEN, Frei Sergio. Trincheiras da resistência camponesa. Candiota: Instituto Cultural Padre Josimo: 2017.

HENRY, Paul. Os fundamentos teóricos da “Análise Automática do discurso” de Michel Pêcheux. IN: GADET, F. HAK, T. (Org.). Por Uma Análise Automática do Discurso: Uma Introdução à Obra de Michel Pêcheux. Campinas: Editora da Unicamp, 1993.

HOBSBAWN, Eric. A era dos extremos. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

HOUAISS, Antônio. Novo dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009.

INDURSKY, F. Da interpelação à falha no ritual: a trajetória teórica da noção de formação discursiva. In: BARONAS, R. L. (org.). Análise de discurso: apontamentos para uma história da noção conceito de formação discursiva. São Carlos: Pedro e João, 2011.

MALDIDIER, Denise. A inquietação do discurso – (re)ler Michel Pêcheux hoje. Campinas: Pontes, 2003.

MARTINS, José de Souza. O poder do atraso. São Paulo: Hucitec, 1994.

OLIVEIRA, A. U. Modo Capitalista de Produção e Agricultura. São Paulo: Série Princípios, 1986.

ORLANDI, Eni Puccinelli. Análise de Discurso: Princípios e Procedimentos. Campinas: Pontes, 1999.

ORLANDI, Eni Puccinelli. Autoria, leitura e efeitos do trabalho simbólico. Campinas: Pontes, 2007.

ORLANDI, Eni. A linguagem e seu funcionamento: as formas do discurso. Campinas: Pontes, 1990.

ORLANDI, E. P. Paráfrase e polissemia: a fluidez nos limites do simbólico. RUA, Campinas, v. 4, n. 1, p. 9–20, 2015.

PÊCHEUX, Michel. Análise Automática do Discurso (AAD-69). In: GADET, F. HAK, T. (Org.). Por Uma Análise Automática do Discurso: Uma Introdução à Obra de Michel Pêcheux. 3ª Ed. Campinas: Editora da Unicamp, 1997.

PÊCHEUX, Michel. Formações Ideológicas, aparelhos ideológicos de Estado, formações discursivas. In: ADORNO, Guilherme et al. Encontros na análise de discursos: efeitos de sentidos entre continentes. Campinas: Editora da Unicamp, 2019.

PÊCHEUX, Michel. Papel da memória. In: ACHARD, Pierre et al. Papel da memória. 2. Ed. Traduzido por José Horta Nunes. Campinas: Pontes, 2007 [1983].

PÊCHEUX, Michel. Semântica e discurso: uma crítica à afirmação do óbvio. Campinas: Editora da Unicamp, 1997.

SAUSSURE, Ferdinand. Curso de Linguística Geral. Cultrix: São Paulo, 1975.

SILVA, Sandro Ramon Ferreira da. Teologia da Libertação: revolução e reação interiorizadas na Igreja. Curso de Pós-Graduação em História da Universidade Federal Fluminense. Rio de Janeiro, 2006.

STEDILE, João Pedro (org). A questão agrária no Brasil: O debate na esquerda – 1960-1980. São Paulo: Expressão Popular, 2012.

SUSIN, Luiz Carlos. Teologia da Libertação: de onde viemos, para onde vamos? Belo Horizonte: Horizonte, v.11, n.32, p.1678-1691, out/dez. 2013.

ZILLES, Urbano. Significação dos símbolos cristãos. Porto Alegre: Edipucrs, 1991.
Publicado
2022-12-06
Como Citar
Stefanello, A. (2022). TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO E MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA: GESTOS DE ANÁLISE EM UM ENTRELAÇAMENTO DISCURSIVO. Revista DisSoL - Discurso, Sociedade E Linguagem, (15). Recuperado de http://ojs.univas.edu.br/index.php/revistadissol/article/view/950