A INTERFACE GRÁFICA COMO LUGAR DE CONSTITUIÇÃO SUBJETIVA
Resumo
Criadas a partir de uma concepção matemática e lógica de linguagem, as linguagens de programação constituem a ferramenta pela qual o universo informático é construído. Tidas como unívocas e perfeitas, com elas se escrevem os códigos fontes e se desenham as interfaces gráficas dos programas massivamente usados atualmente. As linguagens de programação, contudo, não deixam de ser linguagens que se abrem aos múltiplos sentidos e determinam posições sujeitos. Neste trabalho, tendo como base o referencial teórico da Análise de Discurso francesa, entendemos as interfaces gráficas como objetos construídos pelas linguagens de programação e, como tais, objetos de linguagem que funcionam como um lugar de constituição subjetiva e de deriva dos sentidos a partir da análise de uma interface tomada como corpus.Abstract:The programming languages have been developed taking into account a concept of logical and mathematical language which could read the reality and reproduce it in electronic systems. So, these languages constitute the tool by which the cyberspace is built. Taken as unequivocal and perfect, they are used to write source codes and to design the GUI of massively currently used programs. However, the programming languages are open to multiple meanings as well as other languages, and they even determine subject positions. In this paper, based on the theoretical framework of French Discourse Analysis, we understand graphical interfaces as objects constructed by the programming languages and, as such, objects of language that function as a place of subjective constitution and of drift of the senses. For that, we take a software interface as a corpus for our analysis.Referências
BROOKSHEAR, J. Glenn. Ciência da computação: uma visão abrangente. Trad. Cheng Mei Lee. 5. Ed. Porto Alegre: Bookman, 2000.
CAIÇARA JÚNIOR, Cícero; PARIS, Wanderson Stael. Informática, Internet e aplicativos. Curitiba: Ibpex, 2007.
DIAS, Cristiane. A discursividade da rede (de sentidos): a sala de bate-papo hiv. 2004. Tese (doutorado). IEL – Instituto de Estudos da Linguagem, Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP. Campinas, SP. 2004. Disponível em: http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?code=vtls000341547&opt=4. Acesso em: 15/12/14.
______. A escrita como tecnologia de linguagem. Coleção Hiper S@beres. Tecnologias de linguagem e produção do conhecimento. Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, Vol. II, Dez/2009. Disponível em: http://w3.ufsm.br/hipersaberes/volumeII/textos_pdf/TXTS_PDF/cristiane_dias.pdf. Acesso em: 15/01/2015.
______. e-Urbano: a forma material do eletrônico no urbano. In. DIAS, Cristiane. E-urbano: Sentidos do espaço urbano/digital [Online]. 2011. Disponível em: http://www.labeurb.unicamp.br/livroEurbano/. Laboratório de Estudos Urbanos – LABEURB/Núcleo de Desenvolvimento da Criatividade – NUDECRI, Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP. Acesso em: 04/06/14.
DIAS, Cláudia. Usabilidade na web: criando portais mais acessíveis. 2. Ed. Rio de Janeiro: Alta Books, 2007.
LÉVY, Pierre. O que é o virtual? 1. ed. São Paulo: Editora 34, 1996.
NEGROPONTE, Nicholas. A vida digital. Trad. Sérgio Tellaroli. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.
NUNES, Sílvia R. Práticas de leitura no infográfico eletrônico: trajetos, tropeços e movimentos. In: DIAS, Cristiane. Formas de mobilidade no espaço e-urbano: sentido e materialidade digital [online]. Série e-urbano. Vol. 2, 2013, Disponível em: http://www.labeurb.unicamp.br/livroEurbano, Laboratório de estudos Urbanos – LABEURB/Núcleo de Desenvolvimento da Criatividade – NUDECRI, Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP.
ORLANDI, Eni Puccinelli. A materialidade do gesto de interpretação e o discurso eletrônico. In. DIAS, Cristiane. Formas de mobilidade no espaço e-urbano: sentido e materialidade digital [online]. Série e-urbano. Vol. 2, 2013. Disponível em: http://www.labeurb.unicamp.br/livroEurbano/volumeII/arquivos/pdf/eurbanoVol2_EniOrlandi.pdf. Laboratório de Estudos Urbanos – LABEURB/Núcleo de Desenvolvimento da Criatividade – NUDECRI, Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP. Acesso em: 15/12/2014.
______. A incompletude do sujeito: e quando o outro somos nós? In: ORLANDI, Eni. (et alii). Sujeito e texto. São Paulo: EDUC, 1988.
______. Análise de Discurso: princípios & procedimentos. 7. ed. Campinas: Pontes, 2007.
______. Contextos epistemológicos da analise do discurso. Escritos n. 4. Campinas: Labeurb, 1999.
______. Discurso e argumentação: um observatório do político. In: Fórum Linguístico, Fpolis, n. 1, p. 73-81, jul-dez, 1998.
______. Discurso e texto: formulação e circulação dos sentidos. Campinas: Pontes, 2001.
______. Discurso em Análise: Sujeito, Sentido, Ideologia. Campinas: Pontes, 2012.
______. Interpretação: autoria, leitura e efeito do trabalho simbólico. Petrópolis: Vozes, 1996.
PÊCHEUX, Michel. Análise Automática do Discurso (AAD-69). In: GADET, Françoise; HAK, Tony (Orgs.). Por uma Análise Automática do Discurso: uma introdução à obra de Michel Pêcheux. 3. ed. Tradução Bethania S. C. Mariani e outros. Editora da Unicamp, 1997.
______. Delimitações, inversões, deslocamentos. Trad. de José Horta Nunes. Caderno de Estudos Linguísticos, n. 19, Campinas: Unicamp, jul./dez. 1990.
______. O discurso: estrutura ou acontecimento. Trad. Eni P. Orlandi. 6. ed. Campinas: Pontes Editores, 2012.
VELLOSO, Fernando de Castro. Informática: conceitos básicos. 4. Ed. Rio de Janeiro: Campus, 1999.
Autores que publicam na Revista DisSoL mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
Ao submeterem textos para avaliação e possível publicação nesta revista os autores comprometem-se a respeitar os preceitos éticos de produção e publicação de pesquisas científicas.