A EXIGUIDADE NA FORMAÇÃO DO PSICÓLOGO PARA O ATENDIMENTO ÀS PESSOAS SURDAS

  • Ingrid Moura Barroso Rodrigues Universidade Federal Fluminense - UFF
  • Marcia Moraes Universidade Federal Fluminense - UFF
Palavras-chave: Psicologia; Libras; formação; universidade

Resumo

Na psicologia, problematizamos a necessidade do acesso das pessoas surdas na psicoterapia. É relevante oportunizar aos psicólogos momentos de informação e formação. Conforme estudos referentes às disciplinas curriculares de Libras, a falta de renovação dos currículos das universidades exclui os surdos da sociedade, assim, profissionais se sentem incapacitados para atender a comunidade surda. A revisão de literatura realizada mostrou o quão pouco existem publicações relacionadas ao tema. Em se tratando da exiguidade durante a formação do psicólogo, Leigh (2010) defende que um dos motivos para a psicoterapia não atender aos surdos é a entrada tardia de disciplinas de saúde mental e das ciências do comportamento no campo da surdez, como também, a significativa gama de terapeutas não qualificados para atender à população de pessoas surdas. De acordo com Santos e Assis (2015), os surdos são excluídos dos atendimentos em psicologia clínica devido à falta de profissionais qualificados para este público.  Seria importante capacitações e disciplinas no âmbito acadêmico para psicólogos. A metodologia utilizada nessa pesquisa foi qualitativa, com participação de quinze psicólogos, escolhidos por conveniência. O instrumento utilizado foi uma Entrevista Aberta para Psicólogos com o objetivo de identificar o nível de conhecimento dos participantes em relação a Libras, o interesse em adquirir o idioma e em atuar como profissionais bilíngues. Esta pesquisa comprovou que para estes falta aptidão e segurança na atuação dos profissionais de psicologia para atender demandas das pessoas surdas, mesmo que a procura pelo atendimento psicológico bilíngue esteja ampliando. Nessa lógica, asseveramos que a Língua carece, urgentemente, de uma disciplina obrigatória nos cursos de psicologia, abrangendo todos os pacientes sem acepção.

Biografia do Autor

Ingrid Moura Barroso Rodrigues, Universidade Federal Fluminense - UFF
Doutoranda em Psicologia na UFF-Niterói (RJ); Mestra em Diversidade e Inclusão pelo CMPDI-UFF (2020); Pós-Graduada em Tradução/ Interpretação e Docência em Libras (Língua Brasileira de Sinais) pela UNÍNTESE-RJ (2020), Pós-graduanda em Psicologia Hospitalar pela UniAmérica. Possui graduação em Psicologia pelo Centro Universitário Augusto Motta (2016). Tem experiência na área de Psicologia, com ênfase em Psicologia Hospitalar e atendimento a Comunidade Surda. Extensão Universitária Curso Libras em Saúde pela Universidade Federal Fluminense- UFF (60h) 2018. No momento, Tradutora/Intérprete na Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ) e Instituto de Psicologia e Estudos Surdos (IPES). Psicóloga Bilíngue (Libras/ Português). Palestrante e Ministra do Mini-Curso A Psicologia na Surdez - UNIVÁS- MG (2018) Projeto de Pesquisa "Um estudo comparativo sobre o uso da empatia no trabalho do psicólogo clínico, hospitalar e organizacional", aceito para apresentação em pôster no Congresso Brasileiro de Psicologia Organizacional e do Trabalho, na Uniceub em Brasília(2016) Palestrante na Oficina Psicologia hospitalar: Um diferencial no atendimento humanizado na IV Semana de Psicologia e VIII Fórum de Praticas PSI: Psicologia, Família e Educação: Desafios na Contemporaneidade(2015). Escritora e Pesquisadora de assuntos relacionados a Psicologia e Estudos Surdos. Palestrante em Psicologia Hospitalar: Um Relato de Caso (2014).
Marcia Moraes, Universidade Federal Fluminense - UFF
Possui graduação em Psicologia pela Universidade Federal Fluminense (1988), mestrado em Psicologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1992), doutorado em Psicologia (Psicologia Clínica) pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1998) e pós-doutorado em Psicologia Social pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro / Lancaster University (2009/2010). Atualmente é Professora Titular do Departamento de Psicologia da Universidade Federal Fluminense, ministrando aulas na graduação e na pós-graduação strito sensu - mestrado e doutorado. Desenvolve pesquisas ligadas aos seguintes temas: epistemologia da psicologia, psicologia e estudos de ciência, tecnologia e sociedade (CTS), feminismos e estudos da deficiência. É mãe de um filho, nascido no ano de 1995, quando ainda cursava o doutorado na PUC/SP. No período em que cursava o doutorado foi cuidadora de sua mãe, falecida em 1998. Anos mais tarde, tornou-se cuidadora de seu pai idoso, acamado, falecido em 2021. Desde o ano de 2003 vem realizando pesquisas no campo da deficiência visual, fazendo uso de métodos e referenciais de investigação orientados pelos estudos CTS, em particular pela teoria ator-rede. É bolsista da Faperj / Cientista do Nosso Estado. Nas publicações científicas assina MARCIA MORAES; MARCIA OLIVEIRA MORAES.

Referências

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Publicado
2024-06-11
Como Citar
Moura Barroso Rodrigues, I., & Oliveira Moraes, M. (2024). A EXIGUIDADE NA FORMAÇÃO DO PSICÓLOGO PARA O ATENDIMENTO ÀS PESSOAS SURDAS. Revista DisSoL - Discurso, Sociedade E Linguagem, 19(19). https://doi.org/10.35501/dissol.v19i19.1138